Um acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, que engloba Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, está a gerar discussões. A dimensão do acordo é considerável, abrangendo cerca de 750 milhões de pessoas e um quinto da economia mundial. Este acordo, que visa criar uma zona de comércio livre, está em negociação há mais de duas décadas.
Os agricultores europeus, liderados pela França, estão preocupados com a concorrência sul-americana, que consideram desleal devido a normas ambientais e de produção menos rigorosas. Há receios de que a produção de carne de bovino e de aves de capoeira na América do Sul possa prejudicar os produtores europeus.
Em contrapartida, alguns países e setores veem este acordo como uma oportunidade. Portugal, por exemplo, prevê um crescimento nos setores do vinho e do azeite, que enfrentam atualmente taxas alfandegárias elevadas. O governo português acredita que o défice agroalimentar face ao Mercosul poderá ser reduzido. O acordo pode beneficiar outros setores como o automóvel, maquinaria, têxteis, metalurgia, indústria química e farmacêutica.
O acordo comercial entre a UE e o Mercosul enfrenta desafios. Alguns países, como a França e a Irlanda, opõem-se ao acordo devido a preocupações agrícolas. No entanto, o acordo prevê a introdução progressiva de carne bovina do Mercosul, com cotas limitadas, e reforça o combate ao desmatamento ilegal, e normas ambientais. Há também o risco de o acordo ser suspenso se houver indícios de perturbação no mercado.
O acordo surge num contexto geopolítico em que os EUA adotam medidas protecionistas e a China reforça os laços comerciais com a América do Sul. Alguns especialistas acreditam que o acordo é importante para que a Europa não fique isolada no comércio internacional. O acordo ainda precisa de aprovação na Comissão Europeia e no Parlamento Europeu.